MINERAÇÃO:SEGURANÇA PRECISA SER REFORÇADA EM MT |
Matéria: Carolina Holland/Estado de SP - 17/10/2010 | |||||
Situação vivida por mineradores do Chile recém-resgatados dificilmente acontece no Estado. Aqui problemas são intoxicação e acidente Na semana em que o mundo assistiu ao emocionante resgate dos 33 homens que ficaram presos em uma mina a 700 metros de profundidade no Chile, o debate sobre as condições de segurança no setor da mineração voltou à tona. Mato Grosso é o estado campeão nacional na produção de diamante e um dos maiores na extração de ouro. O risco para os trabalhadores é maior quando as minas são subterrâneas, principalmente pelo perigo de desabamentos. Mas mesmo as minas a céu aberto demandam uma série de cuidados que são muitas vezes negligenciados pelas empresas do setor de extração de minerais. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas do Estado de Mato Grosso, Osmar Nogueira de Souza, diz que ainda há muitas irregularidades relacionadas à segurança que precisam ser corrigidas no Estado. Acidentes com máquinas e com plantas de operação instaladas nas minas e intoxicação por mercúrio são alguns dos principais perigos aos quais os mineiros se expõem durante o trabalho. “Os riscos são maiores principalmente quando o mineiro trabalha para empresas de menor porte, como as estaduais. Mesmo com fiscalização, essas são as que mais desrespeitam normas de segurança. Muitas delas sequer oferecem roupas adequadas para a extração de minérios”, aponta o presidente do sindicato. No entanto, Souza frisou que a maioria dos acidentes de trabalho registrados nos últimos anos não foi grave. “Mas o risco sempre existe, e as empresas locais precisam se conscientizar disso para evitar tragédias”. O sindicalista não soube informar quando foi o último acidente fatal no Estado envolvendo mineiros. A reportagem tentou contato telefônico com o sindicato das empresas, filiado à Federação das Indústrias, mas não conseguiu. Mato Grosso tem apenas uma mina subterrânea com condições de operar, em Rio Branco (356 quilômetros a oeste de Cuiabá), de onde é possível extrair cobre e zinco. Mas as atividades no local foram interrompidas há pouco mais de um ano por causa da queda do preço dos minérios no mercado. “A mineração está sujeita a essas alterações (de mercado). Se um mineral está desvalorizado, a extração dele é interrompida por certo tempo, até que o produto seja valorizado de novo”, confirma o geólogo Marcos Vinícius Paes de Barros, chefe do Departamento de Geologia e Mineração da Metamat (Companhia Mato-grossense de Mineração), que acompanha o setor. O Estado deve ganhar mais uma mina subterrânea no começo do ano que vem, quando começam a operar as atividades na mina Caraíba, no município de Nova Xavantina. A capacidade de produção será de uma tonelada de ouro ao ano. MINERAÇÃO EM MT – Os dois destaques do Estado são ouro e diamante. Mas, de acordo com o Departamento Nacional de Produção de Minério (DNPM), também são extraídos níquel, cobre, chumbo, zinco, estanho, calcários, granitos, minério de manganês, minério de ferro, fosfato e cristais de quartzo. Nos próximos dois anos, Mato Grosso deve ganhar pelo menos mais três minas de ouro. A expectativa é que, com elas, a capacidade de produção suba de pouco mais de 5,5 toneladas para 15 toneladas anuais. Cerca de 20 empresas estaduais, cinco estaduais e quatro multinacionais atuam com mineração em Mato Grosso. “As grandes empresas de mineração atuantes no Estado têm capital, mercado, pessoal e tecnologia própria. Para as de médio e pequeno porte, a Metamat oferece acompanhamento e incentivo”, afirma Barros. A maior parte da extração é feita em Poconé, Nova Lacerda e Peixoto de Azevedo, mas há garimpos em outras partes do Estado. DIAMANTE – Mato Grosso é o maior produtor de diamantes do Brasil, com produção de 120 mil quilates ao ano. Desse número, 70% são extraídos em Juína, no noroeste. Dos 35.935 quilates exportados pelo país no ano passado, 32.930 foram do Estado, de acordo com dados do Departamento Nacional de Produção de Minério. Por causa da recente crise econômica mundial, o comércio e o preço apresentaram queda. Das quatro empresas que extraem a pedra, três estão com as minas paradas e, das 22 permissões outorgadas em Juína, apenas seis estão em operação. |