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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mineração tem impactos econômicos e sociais

 
Daniel Chiozzini
 
Ao se tratar dos problemas ambientais atuais, pouco se fala do papel dos recursos minerais e das questões relacionadas à sua exploração. O conhecimento sobre a disponibilidade desses recursos é escasso, assim como a exploração dos mesmos, se considerarmos o tamanho total da chamada litosfera, a camada do globo terrestre composta de rochas. No entanto, um planejamento para a exploração é tão necessário quanto aos diretamente relacionados à hidrosfera (água) e à atmosfera (gases). Além de estarem relacionados ao meio ambiente como um todo, também possuem uma dimensão social e econômica.
Segundo o geólogo Celso Ferraz, ex-diretor do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), uma comparação é bastante ilustrativa para indicar a proporção da litosfera e da atividade direta do homem sobre ela: "Se o planeta Terra fosse reduzido ao tamanho de uma bola de futebol, a mina mais profunda já construída seria equivalente a uma pequena rasura no couro da bola, praticamente imperceptível a olho nu", afirma. No entanto, ele complementa que a relevância dos recursos minerais no dia-a-dia do ser-humano é incalculável: "Para se ter uma idéia, dos 105 elementos químicos conhecidos, dos quais a grande maioria é produzida pela mineração, só um chip de computador tem 60 deles. Os recursos minerais estão associados a todos os eletrodomésticos, aos meios de transporte, e à grande maioria dos utensílios que usamos", afirma. Desse modo, estão também na maioria dos processos extrativos e industriais atuais.
Mas as consequências dessa atividade não são poucas. Para o biogeógrafo norte-americano Jared Diamond, os recursos minerais estão associados a três dos doze graves problemas ambientais com os quais o planeta convive na atualidade (veja resenha do livro Colapso de Jared Diamond) : o despejo de produtos químicos no meio ambiente, entre os quais estão os rejeitos de mineradoras; a dependência de combustíveis fósseis; e o esgotamento de recursos hídricos.
Com relação aos rejeitos de mineradoras, Celso Ferraz diz que eles têm um impacto pequeno em relação a outros existentes: "os rejeitos de mineradoras e de usinas metalúrgicas são, proporcionalmente, bem inferiores do que os rejeitos de outras indústrias e resíduos urbanos", afirma. O problema estaria, segundo o geólogo, na mineração ilegal, como no caso do garimpo do ouro, que lança resíduos de mercúrio no meio ambiente. Outro problema estaria em um "passivo ambiental", ou seja, uma poluição gerada pela atividade mineradora de grandes empresas quando inexistia uma legislação reguladora, o que ainda precisa ser aferido detalhadamente. Atualmente, o problema está sendo administrado, até porque a legislação obriga: "Uma mineração que se inicia hoje tem que ter um impacto ambiental negativo 60% a 70% menor que uma mineração que começou a operar há 20 anos atrás", afirma Ferraz. Casos em que é diagnosticado um "saldo ambiental negativo elevado", ou seja, que gera danos elevados ao meio ambiente, só são autorizados mediante medidas mitigadoras e compensatórias que garantam uma efetiva melhora das condições ambientais.
Mas uma legislação rígida pode não ser suficiente, segundo um relátório preparado pelo pesquisador Carlos Eugênio Gomes Farias, no final de 2002, para o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O documento, considerado uma referência em termos de dados consolidados sobre o setor, menciona que o perfil do setor mineral brasileiro é composto por 95% de pequenas e médias minerações. Entre as pequenas minerações, o cálculo do número de empreendimentos é considerado "uma empreitada complexa devido ao grande número de empresas que produzem na informalidade, aliada às paralisações frequentes das atividades, que distorcem as estatísticas" (p. 3). Desse modo, a superação dos problemas dos dejetos passa também por um maior controle dessas atividades, cuja parcela significativa está na informalidade.
Além disso, o relatório também aponta problemas na legislação que regula a exploração dos recursos minerais: "os mineradores e especialistas entrevistados apontam que a legislação ambiental é extensa e avançada, porém conflitante, criando dificuldade para sua aplicação" (p. 20) . Entre os fatores que comprometem a sua aplicabilidade, estão os conflitos com a legislação mineral, de 1967; o aumento desnecessário de restrições do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama); a carência de estrutura e aparelhamento de determinados órgãos de fiscalização envolvidos; a atuação conflitante de alguns órgãos municipais, estaduais e federais; e a atuação do Ministério Público, que tem emitido pareceres sem embasamento técnico e conflitantes com os órgãos de meio ambiente. Sendo assim, segundo o relatório, o setor minerador acaba prejudicado: "O grande minerador, que em geral dispõe de corpo técnico e de recursos financeiros, apesar de alguns atropelos e atrasos, tem conseguido administrar esses conflitos. Com relação ao pequeno minerador resta, na maioria dos casos, o descumprimento da legislação" (p. 21)
No que diz respeito aos combustíveis fósseis, Celso Ferraz concorda com a gravidade apontada no livro de Jared Diamond: "O uso de combustíveis fósseis para geração de eletricidade, como óleo e carvão, é talvez o problema mais sério de poluição associado aos recursos minerais", diz. Além de pesquisas tecnológicas para reduzir os efeitos negativos da geração de eletricidade, o pesquisador defende uma solução controversa: o uso da energia nuclear, hoje responsável por 78% da energia produzida na França, 31% da Alemanha, 29% do Japão e 19% dos EUA. Quanto à escassez da água, o geólogo concorda que se trata de um grande problema no mundo atual. No entanto, o problema reside não apenas na dificuldade para sua obtenção, mas no acesso reduzido de um grande número de pessoas: "Segundo a Unesco, 1,2 bilhões de pessoas não têm acesso à agua potável hoje no mundo e 2,4 bilhões não dispõem de nenhum tipo de serviço de tratamento de água", afirma. Desse modo, a exploração dos recursos minerais deve levar em conta também o acesso a esses recursos.
No que diz respeito às atividades de extração, o pesquisador entende que as problemáticas sociais também devem ser consideradas e a legislação já contempla esses aspectos. Hoje já é possível saber com exatidão quando será a exaustão de uma mina antes do início da sua exploração. A autorização para que a mesma ocorra só é dada mediante a apresentação e aprovação de um plano de aproveitamento que, nas suas últimas etapas, estabelece o que será feito após o esgotamento do minério. Estas últimas etapas podem, inclusive, se estender por vários anos.
Tal exigência se explica pelo fato da atividade mineradora gerar um impacto profundo nas regiões onde ocorre. Um exemplo recente é o município de Canaã dos Carajás, que teve sua população aumentanda de aproximadamente 11 mil para mais de 15 mil pessoas em cerca de dois anos (veja notícia sobre Canaã dos Carajás na revista Patrimônio) devido à instalação de uma das unidades da mineradora Vale do Rio Doce. Segundo explica Ferraz, "de maneira simplificada, pode-se dizer que os problemas causados pelo fechamento de uma mina para a região circunvizinha, devido a sua exaustão, podem ser comparados ao fechamento de uma grande fábrica, frigorífico ou de uma grande obra.". Desse modo, cabe ao poder público e à empresa de mineração, cientes de tal fato, desenvolver um planejamento minimizar os efeitos da redução da atividade econômica, do desemprego gerado, queda da arrecadação de impostos, entre outros.
Neste sentido, Celso Ferraz conclui que a resolução de problemas relacionados à exploração mineral e ao meio ambiente como um todo passa por uma abordagem sistêmica, levando em consideração a relação entre a atroposfera (a esfera das atividades humanas), com as outras esferas terrestres, que são a litosfera (rochas), a hidrosfera (água), a atmosfera (gases) e a biosfera (vida). Para o geólogo, é necessário equacionar dois graves problemas: o crescimento demográfico e o crescimento da urbanização, pensando a sustentabilidade da exploração dos recursos disponíveis.
O relatório preparado por Carlos Eugênio Gomes Farias também vai ao encontro dessas preocupações e do paradigma da sustentabilidade, pensando a especificidade da atividade mineradora e suas contribuições para o desenvolvimento do país. Ele reproduz uma entrevista dada pelo engenheiro Gildo Sá em 2002, então diretor do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), órgão ligado ao Ministério da Ciência e da Tecnologia (MCT): "quanto à relação entre mineração e meio ambiente, julgo imprescindível um permanente entrosamento entre o órgão normalizador da mineração e os órgãos ambientais fiscalizadores. A mineração, diferente de outras atividades industriais, possui rigidez locacional. Só é possível minerar onde existe minério. Esta assertiva, apesar de óbvia, sempre gera polêmicas entre mineradores e ambientalistas. A solução da questão passa por estudos que contemplem os benefícios e problemas gerados pela mineração (...)" (p.12)


Dica de site

O site http://www.geologiadobrasil.com.br/, mantido pelo geólogo Nelson C.S.Filho traz material interessante sobre geologia e mineração... Vale a pena dar uma olhada, tem bastante material...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Deslizamentos que matam: veja se você e a sua família correm perigo

Por Pedro Jacobi (www.geologo.com.br)


A corrida imobiliária desenfreada e os novos assentamentos urbanos estão, cada vez mais, colocando o homem e a natureza em risco.
À medida que contruimos em locais de encostas íngremes, em terrenos de grande instabilidade, nos flancos das grandes elevações, nas proximidades da planície aluvial de rios ou nas áreas de influência de córregos e drenagens estaremos correndo o risco de perder os nossos investimentos e as nossas vidas.
Estas são áreas onde os deslizamentos de terra se sucedem ao longo dos anos.
A cada ano, invariavelmente, as notícias se repetem. Sempre nas épocas das chuvas os escorregamentos em áreas urbanas com forte declividade são responsáveis por inúmeras tragédias como a que vimos ocorrer em Angra dos Reis e na Ilha Grande, na virada do ano de 2009.
A grande ironia é que todos esses dramas e suas danosas consequências são, quase sempre, totalmente previsíveis e, muitas vezes, evitáveis.
O nosso objetivo, neste artigo, não é discutir as soluções, contenções,  muros de arrimo, terraços, estudos preventivos, mapeamentos das áreas de risco, implementação de leis e soluções que funcionem mas sim o de informar se você, a sua família ou o seu prédio estão em perigo por estarem em uma área de risco de escorregamento.
Abaixo discutirei os principais pontos que deverão ser utilizados em uma avaliação de risco preliminar com ênfase em desmoronamentos e deslizamentos. Saiba avaliar o perigo que você e sua família estão correndo.
Veja, com cuidado a lista abaixo e identifique o seu nível de risco. Se ele for alto não hesite em contactar a defesa civil e geólogos ou engenheiros especializados no assunto. Se estiver chovendo forte, em áreas de elevado risco, o melhor a fazer é simplesmente abandonar a sua residência até que um especialista tenha visitado a área e que um laudo sobre a segurança do imóvel tenha sido elaborado.
Esta é uma decisão difícil, mas se usada de uma forma consciente e racional deverá salvar vidas preciosas. A sua vida vale muito: não a desperdice.
Responda as seguintes perguntas e entenda o seu risco:
  1. O seu imóvel está situado em terreno de alta declividade?  Este é o ponto fundamental que deve ser avaliado.  A declividade e a instabilidade potencial da encosta. Se você tiver dúvidas  quanto a este ponto procure a opinião de especialista. Se as inclinações da  encosta onde você mora forem muito acentuadas pode existir o perigo de  deslizamentos. O risco aumenta a medida que as próximas perguntas sejam   verdadeiras.
  2. Existe algum córrego ou, vale descendo a encosta, nas proximidades?
  3. Já houve escorregamentos recentes na região, em  áreas similares a  sua?
  4. Existem rochas roladas, matacões ou blocos que possam indicar um  transporte por gravidade? Esses blocos acumulados, geralmente sem  uniformidade, no fundo das encostas, podem estar indicando que houveram  deslizamentos no passado.
  5. Existe algum corte efetuado no solo que possa aumentar o ângulo natural  da declividade? Cortes verticais em solos instáveis irão aumentar,  drasticamente, o risco de desmoronamentos.
  6. Existem áreas com lajedos  com grande declividade, sem ou com pouca  cobertura de solos, acima da sua residência ou na região? É comum em montanhas como as da  região do Rio de Janeiro, vermos lajedos nus com grande declividade.  Possivelmente eles foram expostos após grandes deslizamentos. Veja a foto do  desastre da Ilha Grande onde, após o deslizamento, foi exposto um grande  lajedo. Nas partes superiores existem outros lajedos mais antigos,  parcialmente cobertos por vegetação mais recente,  que  mostravam claramente a periculosidade da encosta onde ocorreu o desastre.
  7. É possível notar que em certas áreas da encosta existe uma vegetação  mais nova, diferente da vegetação mais antiga circundante? Em caso de  deslizamentos antigos a vegetação nova irá demarcar, com boa precisão a área  afetada.
  8. Existem, nas encostas próximas a sua casa, um bom número de árvores que  estejam inclinadas em direção morro abaixo? As árvores devem estar em sua  grande maioria verticalizadas. Se uma área apresenta suas árvores com  inclinação anômala isso pode significar um deslizamento incipiente ou  antigos movimentos de terra.
Pontos que podem atenuar o risco:
  1. A área já foi avaliada por geólogos especializados em  geo-engenharia que confirmaram a inexistência de risco de deslizamento? 
  2. Existe um estudo de risco da sua área feito pela Prefeitura ou órgão  competente demonstrando o baixo risco de desmoronamentos e deslizamentos?
  3. Existem obras de contenção específicas acima e abaixo de seu imóvel?
  4. Existem obras para evitar a infiltração da água nos solos acima  e abaixo de seu  imóvel?
  5. Existem  sistemas de controle de águas superficiais?
  6. Existem árvores com raízes profundas nas proximidades  que possam dar maior estabilidade ao solo?
Se as suas respostas indicarem que a área onde mora é de alto risco fale com um especialista imediatamente. Se as chuvas estiverem intensas evite permanecer no local enquanto a área não for liberada por especialistas.
Observe com atenção, informe as autoridades e salve vidas:
Nas próximas fotos iremos mostrar que é possível identificar com bastante precisão o risco de deslizamentos de uma dada região.
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Vista do deslizamento da Ilha Grande  onde existia a Pousada Sankay,  mostrando a formação do lajedo exposto pelo deslizamento. A área era de alto risco por estar situada em encosta muito  íngreme onde vários deslizamentos já haviam ocorrido no passado. Na parte superior da foto é possível ver os lajedos expostos antigos, cobertos por vegetação  rasteira, mais recente que mostram claramente a existência de  antigos deslizamentos. A área era, visivelmente perigosa. TRabalhos de  contenção deveriam ter sido feitos para evitar a tragédia que acabou ocorrendo. Na foto  é possível ver onde irão ocorrer os próximos deslizamentos que, poderão  ocorrer em muito breve, já que uma boa parte do solo que sustentava a  encosta não mais existe.



Veja os blocos rolados que  despencaram com o deslizamento de Sankay. Essa mesma situação é visível  em muitas encostas onde houveram antigos deslizamentos e deve servir  como um sinal evidente de que a área é insegura.


Na foto da Pousada Sankay em Angra, antes do desastre,  é possível ver grande quantidade de blocos rolados que possivelmente  foram deslocados e transportados em deslizamentos antigos. Muitos desses  deslizamentos antigos podem ter ocorrido a décadas ou mesmo a centenas  de anos. Estes blocos atestam que a região é propícia a ter  deslizamentos e, como tal, deveriam haver trabalhos de contenção de  encostas que poderiam, se existissem, ter evitado esta perda de vidas e  de patrimônio.


 
Vista de satélite (Google Earth) da Ilha  Grande na região da Pousada Sankay onde ocorreu o desastre .  São claros os lajedos expostos após antigos deslizamentos.   Na encosta acima da Pousada Sankay é visível um bom número de antigos  deslizamentos que estavam confirmando o alto risco de acidentes em toda  a encosta imediatamente abaixo.  Todas estas encostas de alta declividade, abaixo desses  lajedos, são de altíssimo risco de deslizamentos de terra e devem ser estudadas por  especialistas imediatamente. Não há como evitar:  trabalhos de  contenção de encostas deverão ser feitos ou mais vidas irão se perder nas próximas chuvas.


 
Foto de satélite da comunidade do Abrão na Ilha  Grande  mostrando o perigo potencial de deslizamentos em áreas urbanas.  Na foto são visíveis os antigos deslizamentos. Trata-se de uma  bomba-relógio que poderá explodir a qualquer momento. É preciso que as  autoridades iniciem estudos rápidos e eficientes para evitar mais  acidentes.

O fato é que os sinais de perigo são bastante aparentes e, a maioria das pessoas, pode identificá-los se observarem, com cuidado, a região onde moram.
Use os pontos listados acima e avalie o seu risco.
Os deslizamentos em encostas íngremes sempre existirão. Não há como evitar. O que podemos evitar é a morte de mais pessoas.

Ano novo, postagens novas...

Boa tarde pessoal,
O blog andou meio parado, em função de "probleminhas técnicos", eu entrei de licença para ganhar bebê e tudo o mais. Porém, pretendo voltar a postar coisas legais sobre geologia, mineralogia, mineração, enfim, um pouquinho de tudo ligado a este ambiente...
Para começar deixo o link da Associação Brasileira de Gemologia e Mineralogia, que sempre tem coisas legais...
:)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Investimento em mineração será recorde no Brasil

A atividade mineradora no país lidera a lista de investimentos previstos no Brasil até 2012. A revelação foi anunciada esta semana pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), durante seminário em Belo Horizonte.


De acordo com a instituição as mineradoras brasileiras investirão US$ 47 bilhões nos próximos quatro anos, sendo que 59% serão destinados para a cadeia de minério de ferro. Comprovando estar atenta a essa previsão, a SempreViva Mineração, já no segundo semestre do ano passado, investiu R$ 32 milhões somente na renovação da frota e maquinário.

A perspectiva de investimentos da empresa para este ano é 30% maior que no ano passado. O gerente comercial da SempreViva, Cláudio Horta, afirma que estão fechando contratos com novos parceiros e finalizando negociações expressivas nos próximos meses. “A expectativa é fechar 2010 com um incremento nos nossos negócios da ordem de 30%”, conta.

Conforme o analista do setor Joseph Young, o preço do minério de ferro deverá subir mais neste ano, algo entre 8% e 10%, mesmo após três anos consecutivos de alta. Dessa forma, a relação entre oferta e demanda por commodities, principalmente metálicas, tende a seguir pressionada, o que sugere preços ainda em níveis elevados por alguns anos.

Horta acredita que esse cenário seja positivo a ponto de uma afirmativa aparentemente inconcebível algum tempo atrás hoje se tornar lugar comum: “o investimento em infra-estrutura no Brasil voltou a ser um bom negócio. A estabilidade econômica e política, somada à baixa atratividade dos juros internacionais, tornou o Brasil opção para remuneração do capital”.

“O Brasil é reconhecido internacionalmente por sua diversidade e potencial no segmento de mineração. Há algumas décadas essa realidade tem chamado a atenção de fabricantes mundiais, que se instalam no país. Por conta da demanda crescente originária da China e índia, as mineradoras estão expandindo a produção de bens minerais, gerando maior aquisição de equipamentos que já tem longas filas de espera. Isso cria oportunidade para a chegada de fornecedores novos, inclusive de paises emergentes.”, diz Joseph Young, organizador do evento.

Investimentos em mineração
- US$ 47 bilhões é o investimento na mineração brasileira previsto pelo Ibram até 2012
- US$ 27,8 bilhões é o investimento apenas em minério de ferro
- Existem mais de 500 pedidos de licenciamento ambiental para a abertura de minas em Minas Gerais
- Das 200 maiores minas brasileiras, segundo pesquisa realizada pela Revista Minérios & Minerales, 70 delas estão no Estado de Minas Gerais.
- Novos cursos de Engenharia de Minas estão sendo criados em todo o país, inclusive particulares, pois a demanda por profissionais é muito grande.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

MINERAÇÃO: segurança precisa ser reforçada em MT

MINERAÇÃO:SEGURANÇA PRECISA SER REFORÇADA EM MT


Matéria: Carolina Holland/Estado de SP - 17/10/2010


Situação vivida por mineradores do Chile recém-resgatados dificilmente acontece no Estado. Aqui problemas são intoxicação e acidente


Na semana em que o mundo assistiu ao emocionante resgate dos 33 homens que ficaram presos em uma mina a 700 metros de profundidade no Chile, o debate sobre as condições de segurança no setor da mineração voltou à tona. Mato Grosso é o estado campeão nacional na produção de diamante e um dos maiores na extração de ouro.

O risco para os trabalhadores é maior quando as minas são subterrâneas, principalmente pelo perigo de desabamentos. Mas mesmo as minas a céu aberto demandam uma série de cuidados que são muitas vezes negligenciados pelas empresas do setor de extração de minerais.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas do Estado de Mato Grosso, Osmar Nogueira de Souza, diz que ainda há muitas irregularidades relacionadas à segurança que precisam ser corrigidas no Estado.

Acidentes com máquinas e com plantas de operação instaladas nas minas e intoxicação por mercúrio são alguns dos principais perigos aos quais os mineiros se expõem durante o trabalho.

“Os riscos são maiores principalmente quando o mineiro trabalha para empresas de menor porte, como as estaduais. Mesmo com fiscalização, essas são as que mais desrespeitam normas de segurança. Muitas delas sequer oferecem roupas adequadas para a extração de minérios”, aponta o presidente do sindicato.

No entanto, Souza frisou que a maioria dos acidentes de trabalho registrados nos últimos anos não foi grave. “Mas o risco sempre existe, e as empresas locais precisam se conscientizar disso para evitar tragédias”. O sindicalista não soube informar quando foi o último acidente fatal no Estado envolvendo mineiros.

A reportagem tentou contato telefônico com o sindicato das empresas, filiado à Federação das Indústrias, mas não conseguiu.

Mato Grosso tem apenas uma mina subterrânea com condições de operar, em Rio Branco (356 quilômetros a oeste de Cuiabá), de onde é possível extrair cobre e zinco. Mas as atividades no local foram interrompidas há pouco mais de um ano por causa da queda do preço dos minérios no mercado.

“A mineração está sujeita a essas alterações (de mercado). Se um mineral está desvalorizado, a extração dele é interrompida por certo tempo, até que o produto seja valorizado de novo”, confirma o geólogo Marcos Vinícius Paes de Barros, chefe do Departamento de Geologia e Mineração da Metamat (Companhia Mato-grossense de Mineração), que acompanha o setor.

O Estado deve ganhar mais uma mina subterrânea no começo do ano que vem, quando começam a operar as atividades na mina Caraíba, no município de Nova Xavantina. A capacidade de produção será de uma tonelada de ouro ao ano.

MINERAÇÃO EM MT – Os dois destaques do Estado são ouro e diamante. Mas, de acordo com o Departamento Nacional de Produção de Minério (DNPM), também são extraídos níquel, cobre, chumbo, zinco, estanho, calcários, granitos, minério de manganês, minério de ferro, fosfato e cristais de quartzo.

Nos próximos dois anos, Mato Grosso deve ganhar pelo menos mais três minas de ouro. A expectativa é que, com elas, a capacidade de produção suba de pouco mais de 5,5 toneladas para 15 toneladas anuais.

Cerca de 20 empresas estaduais, cinco estaduais e quatro multinacionais atuam com mineração em Mato Grosso. “As grandes empresas de mineração atuantes no Estado têm capital, mercado, pessoal e tecnologia própria. Para as de médio e pequeno porte, a Metamat oferece acompanhamento e incentivo”, afirma Barros.

A maior parte da extração é feita em Poconé, Nova Lacerda e Peixoto de Azevedo, mas há garimpos em outras partes do Estado.

DIAMANTE – Mato Grosso é o maior produtor de diamantes do Brasil, com produção de 120 mil quilates ao ano. Desse número, 70% são extraídos em Juína, no noroeste. Dos 35.935 quilates exportados pelo país no ano passado, 32.930 foram do Estado, de acordo com dados do Departamento Nacional de Produção de Minério.

Por causa da recente crise econômica mundial, o comércio e o preço apresentaram queda. Das quatro empresas que extraem a pedra, três estão com as minas paradas e, das 22 permissões outorgadas em Juína, apenas seis estão em operação. 


Para especialistas, resgate dos mineiros no Chile virou referência

BBC Brasil
14 de outubro, 2010 - 18:24 (Brasília) 21:24 GMT

Para especialistas, resgate dos mineiros no Chile virou referência

Especialistas ouvidos pela BBC elogiaram a operação de resgate dos 33 mineiros presos a cerca de 600 metros de profundidade no Chile, avaliando que ela se transformou em um ponto de referência para outras missões semelhantes.
O resgate, concluído com sucesso nesta quarta-feira, foi levada a cabo com a colaboração de centenas de especialistas, incluindo técnicos em perfuração, equipes de resgate, médicos e psicólogos.
"Esta operação será um exemplo de como fazer bem as coisas", disse à BBC Mundo o médico Pedro Arcos González, diretor da Unidade de Investigação em Emergência e Desastres da Universidade de Oviedo, no norte da Espanha.
"Tudo foi feito de maneira muito profissional e correta", avaliou.
David Seath, membro do Instituto de Mineração de Escócia e ex-chefe do serviço britânico de resgates em minas, disse que a operação estabeleceu um recorde: nunca antes foi possível resgatar um grupo tão grande de mineiros presos por tanto tempo e a tal profundidade.
"Sem dúvida, será estabelecido um ponto de referência na história das operações de resgate", disse o escocês, para quem "a operação foi extraordinariamente complexa" e “repleta de problemas técnicos”.
“Este é, sem dúvida, um dia extraordinário para as comunidades de mineiros em todo o mundo, pela forma como o resgate foi feito, muito profissional.”

Perfuração
Seath destacou a habilidade dos técnicos perfuradores no trabalho de criar o túnel até onde estavam presos os mineradores, por “terem sido capazes de manter a perfuradora na direção correta até o alvo, uma área relativamente pequena 700 metros abaixo da superfície".
"Este é, sem dúvida, um dia extraordinário para as comunidades de mineiros em todo o mundo, pela forma como o resgate foi feito, muito profissional."
David Seath
Segundo ele, não é fácil manejar máquinas perfuradoras. No entanto, que como esse tipo de equipamento é utilizado na indústria petrolífera, hoje os técnicos têm muita experiência em posicionar as máquinas para obter mais precisão.
Desde o início da operação, os perfuradores sabiam que havia muitos problemas técnicos em potencial, entre eles, a instabilidade do solo – o que provocou o desabamento na entrada da mina que deixou os mineiros soterrados 70 dias atrás.
"As principais dificuldades na perfuração estavam nos primeiros metros, perto da superfície, onde a terra não está consolidada", disse Seath.
"Porém, uma vez que a perfuradora chega às camadas de rocha sólida, o furo perfurado se torna mais estável. E segundo as imagens do fundo do túnel que temos visto, podemos observar que não foi preciso colocar reforços porque a estrutura de rocha é sólida".

Fênix
Outro marco na operação feita na mina San José foi o desenho da cápsula Fênix.
Em outras partes do mundo, os equipamentos de resgate nas minas consistem de jaulas simples de metal onde viaja uma única pessoa, mas não há sistemas de comunicação nem equipamento de oxigênio como havia na Fênix.
Apesar do sucesso na operação chilena, profissionais da indústria de mineração estão muito conscientes de que, todos os anos, centenas de mineiros morrem no mundo devido às más condições de segurança nas minas.
"Em cada desastre, lições são aprendidas", disse Seath.
"Talvez, a operação na mina de San José nos ensine que, em qualquer mina, em qualquer parte do mundo, existe o risco de futuros desastres similares, a menos que se ponham em vigor regulamentos adequados de segurança".