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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

MINERAÇÃO: segurança precisa ser reforçada em MT

MINERAÇÃO:SEGURANÇA PRECISA SER REFORÇADA EM MT


Matéria: Carolina Holland/Estado de SP - 17/10/2010


Situação vivida por mineradores do Chile recém-resgatados dificilmente acontece no Estado. Aqui problemas são intoxicação e acidente


Na semana em que o mundo assistiu ao emocionante resgate dos 33 homens que ficaram presos em uma mina a 700 metros de profundidade no Chile, o debate sobre as condições de segurança no setor da mineração voltou à tona. Mato Grosso é o estado campeão nacional na produção de diamante e um dos maiores na extração de ouro.

O risco para os trabalhadores é maior quando as minas são subterrâneas, principalmente pelo perigo de desabamentos. Mas mesmo as minas a céu aberto demandam uma série de cuidados que são muitas vezes negligenciados pelas empresas do setor de extração de minerais.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas do Estado de Mato Grosso, Osmar Nogueira de Souza, diz que ainda há muitas irregularidades relacionadas à segurança que precisam ser corrigidas no Estado.

Acidentes com máquinas e com plantas de operação instaladas nas minas e intoxicação por mercúrio são alguns dos principais perigos aos quais os mineiros se expõem durante o trabalho.

“Os riscos são maiores principalmente quando o mineiro trabalha para empresas de menor porte, como as estaduais. Mesmo com fiscalização, essas são as que mais desrespeitam normas de segurança. Muitas delas sequer oferecem roupas adequadas para a extração de minérios”, aponta o presidente do sindicato.

No entanto, Souza frisou que a maioria dos acidentes de trabalho registrados nos últimos anos não foi grave. “Mas o risco sempre existe, e as empresas locais precisam se conscientizar disso para evitar tragédias”. O sindicalista não soube informar quando foi o último acidente fatal no Estado envolvendo mineiros.

A reportagem tentou contato telefônico com o sindicato das empresas, filiado à Federação das Indústrias, mas não conseguiu.

Mato Grosso tem apenas uma mina subterrânea com condições de operar, em Rio Branco (356 quilômetros a oeste de Cuiabá), de onde é possível extrair cobre e zinco. Mas as atividades no local foram interrompidas há pouco mais de um ano por causa da queda do preço dos minérios no mercado.

“A mineração está sujeita a essas alterações (de mercado). Se um mineral está desvalorizado, a extração dele é interrompida por certo tempo, até que o produto seja valorizado de novo”, confirma o geólogo Marcos Vinícius Paes de Barros, chefe do Departamento de Geologia e Mineração da Metamat (Companhia Mato-grossense de Mineração), que acompanha o setor.

O Estado deve ganhar mais uma mina subterrânea no começo do ano que vem, quando começam a operar as atividades na mina Caraíba, no município de Nova Xavantina. A capacidade de produção será de uma tonelada de ouro ao ano.

MINERAÇÃO EM MT – Os dois destaques do Estado são ouro e diamante. Mas, de acordo com o Departamento Nacional de Produção de Minério (DNPM), também são extraídos níquel, cobre, chumbo, zinco, estanho, calcários, granitos, minério de manganês, minério de ferro, fosfato e cristais de quartzo.

Nos próximos dois anos, Mato Grosso deve ganhar pelo menos mais três minas de ouro. A expectativa é que, com elas, a capacidade de produção suba de pouco mais de 5,5 toneladas para 15 toneladas anuais.

Cerca de 20 empresas estaduais, cinco estaduais e quatro multinacionais atuam com mineração em Mato Grosso. “As grandes empresas de mineração atuantes no Estado têm capital, mercado, pessoal e tecnologia própria. Para as de médio e pequeno porte, a Metamat oferece acompanhamento e incentivo”, afirma Barros.

A maior parte da extração é feita em Poconé, Nova Lacerda e Peixoto de Azevedo, mas há garimpos em outras partes do Estado.

DIAMANTE – Mato Grosso é o maior produtor de diamantes do Brasil, com produção de 120 mil quilates ao ano. Desse número, 70% são extraídos em Juína, no noroeste. Dos 35.935 quilates exportados pelo país no ano passado, 32.930 foram do Estado, de acordo com dados do Departamento Nacional de Produção de Minério.

Por causa da recente crise econômica mundial, o comércio e o preço apresentaram queda. Das quatro empresas que extraem a pedra, três estão com as minas paradas e, das 22 permissões outorgadas em Juína, apenas seis estão em operação. 


Para especialistas, resgate dos mineiros no Chile virou referência

BBC Brasil
14 de outubro, 2010 - 18:24 (Brasília) 21:24 GMT

Para especialistas, resgate dos mineiros no Chile virou referência

Especialistas ouvidos pela BBC elogiaram a operação de resgate dos 33 mineiros presos a cerca de 600 metros de profundidade no Chile, avaliando que ela se transformou em um ponto de referência para outras missões semelhantes.
O resgate, concluído com sucesso nesta quarta-feira, foi levada a cabo com a colaboração de centenas de especialistas, incluindo técnicos em perfuração, equipes de resgate, médicos e psicólogos.
"Esta operação será um exemplo de como fazer bem as coisas", disse à BBC Mundo o médico Pedro Arcos González, diretor da Unidade de Investigação em Emergência e Desastres da Universidade de Oviedo, no norte da Espanha.
"Tudo foi feito de maneira muito profissional e correta", avaliou.
David Seath, membro do Instituto de Mineração de Escócia e ex-chefe do serviço britânico de resgates em minas, disse que a operação estabeleceu um recorde: nunca antes foi possível resgatar um grupo tão grande de mineiros presos por tanto tempo e a tal profundidade.
"Sem dúvida, será estabelecido um ponto de referência na história das operações de resgate", disse o escocês, para quem "a operação foi extraordinariamente complexa" e “repleta de problemas técnicos”.
“Este é, sem dúvida, um dia extraordinário para as comunidades de mineiros em todo o mundo, pela forma como o resgate foi feito, muito profissional.”

Perfuração
Seath destacou a habilidade dos técnicos perfuradores no trabalho de criar o túnel até onde estavam presos os mineradores, por “terem sido capazes de manter a perfuradora na direção correta até o alvo, uma área relativamente pequena 700 metros abaixo da superfície".
"Este é, sem dúvida, um dia extraordinário para as comunidades de mineiros em todo o mundo, pela forma como o resgate foi feito, muito profissional."
David Seath
Segundo ele, não é fácil manejar máquinas perfuradoras. No entanto, que como esse tipo de equipamento é utilizado na indústria petrolífera, hoje os técnicos têm muita experiência em posicionar as máquinas para obter mais precisão.
Desde o início da operação, os perfuradores sabiam que havia muitos problemas técnicos em potencial, entre eles, a instabilidade do solo – o que provocou o desabamento na entrada da mina que deixou os mineiros soterrados 70 dias atrás.
"As principais dificuldades na perfuração estavam nos primeiros metros, perto da superfície, onde a terra não está consolidada", disse Seath.
"Porém, uma vez que a perfuradora chega às camadas de rocha sólida, o furo perfurado se torna mais estável. E segundo as imagens do fundo do túnel que temos visto, podemos observar que não foi preciso colocar reforços porque a estrutura de rocha é sólida".

Fênix
Outro marco na operação feita na mina San José foi o desenho da cápsula Fênix.
Em outras partes do mundo, os equipamentos de resgate nas minas consistem de jaulas simples de metal onde viaja uma única pessoa, mas não há sistemas de comunicação nem equipamento de oxigênio como havia na Fênix.
Apesar do sucesso na operação chilena, profissionais da indústria de mineração estão muito conscientes de que, todos os anos, centenas de mineiros morrem no mundo devido às más condições de segurança nas minas.
"Em cada desastre, lições são aprendidas", disse Seath.
"Talvez, a operação na mina de San José nos ensine que, em qualquer mina, em qualquer parte do mundo, existe o risco de futuros desastres similares, a menos que se ponham em vigor regulamentos adequados de segurança".